29 junho, 2009

Sem cores ou formas

Às vezes em quatro paredes
Atenho-me perene ao modo de cantar
Sozinho, em tom desafinado,
Com olhos fechados entrego-me a pensar.
Se o amor é tão errado,
Por que tantos a ele querem se entregar?

Talvez o mundo simplesmente
E tão brevemente se esqueça de lembrar,
Que o tempo em que fiquei calado
Quase sendo levado junto desse mar,
Eu tenha ficado de lado
Pensando em pecado e querendo amar.

Sua silhueta passa por mim,
De modo que eu não a possa enxergar.
Sentado, em canto arrojado,
Por dentro, mantenho-me a gritar.
De meu olhar inabalado,
Seu rosto insiste em se desviar.

Às vezes, em minhas centenas
De simples tristezas passo-lhe a falar.
Em jogos de um ser alado
De lábio cerrado venho-lhe a lembrar.
Amor, mesmo não apresentado
E inacabado quero partilhar.

Gabriel Vitor Tortejada

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