22 outubro, 2008

Ode à Perdição

Busco incansavelmente aquela poesia,
Procuro versos que sei que não farão sentido,
Sigo conselhos do mestre que tanto li,
E aprendi a não gostar.

Escrevo estrofes em branco,
Que nada me dirão.
Procuro a alma
Que a tanto sei não ter mais.

Rejeito o Deus dos Arcades,
Corro em busca do herói de Nietzsche,
Fujo do passado de Camões
E escrevo o futuro com minhas mãos.

Percorro tanto meu caminho
Através de memórias e sons,
Desejo a esperança,
Que um dia fez uma flor brotar no asfalto.

Não quero interpretações
De homens hipócritas e ignorantes.
Detesto a literatura dos que se apossam de poemas.
Esse é meu poema e de todos,
Individualmente.

Existencialista, realista?
Chega de rótulos e nomes,
Sem números e critérios.
Sem leis e análises.
Quero permanecer incompreensível.

Choro por uma utopia.
Àquela na qual não torço mais o coração
Com crianças em prantos de fome,
Animais perdidos e maltratados
E assassinatos de loucos que vêem o mesmo que eu.

Casos sociais e econômicos não me interessam,
Pessoas me intrigam.
Me escondo no mundo dos clowns e da comédia
Procurando entender outros,
E me ocultando a todo o custo.

Gabriel Vitor Tortejada

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