Sinto o vento em meu rosto,
A satisfação me guia,
O medo me corrói.
Ouço assovios cada vez mais fortes.
“Estão chegando mais perto.”
Digo a mim mesmo,
Até que sinto o maior assovio.
Aquele que é seguido por um clarão,
Por um enorme barulho,
Pelo desconfortante silêncio.
Não sinto nada,
Ouço um zumbido constante,
Não vejo nada,
Além de branco.
Aos poucos começo a ver,
Mas algo acompanha a visão,
Algo sutil,
Vem crescendo sutilmente,
Até me tomar por completo.
A dor é inebriante,
Me deixa tonto.
Sinto-me quente por debaixo.
“O que será?”
Eis que logo descubro,
Um rio rubro que flui por meu corpo.
Tento levantar-me,
Faltam-me pernas,
Tento me virar,
Falta-me um braço.
Olho para a destruição esperando meu fim,
Uma planície preta,
Estilhaços por lá e cá,
Pedaços por aqui e ali.
Um sorriso de ironia esboço aqui,
Uma lágrima de tristeza escorre ali,
A lembrança do que tinha permanece intacta,
O caminho ao infinito se aproxima sagaz,
O escuro me toma satisfeito,
Pela vida que não vivi.
Gabriel Vitor Tortejada
4 comentários:
Gabriel, prezado, suas imagens são sempre robustas, as metáforas são vívidas, o coração está sempre lá em cima, vendo belezas ou sofrendo dores, mas você transforma tudo em arte.
Saudades do que jamais vivi... também tenho. Quem não tem? Adorei a antítese aqui lançada.
Abraços sinceros, eu amigo poeta, e que as luzes de sua inteligência e de sua perspicácia possam continuar a cintilar em nossos caminhos.
João, seu fã
A dor é inebriante, as experiencias sao inebriantes. ADORO SUAS METÁFORAS.
Oi Gabriel. Veja o filme 'Alice no país das Maravilhas', e não pense que é apenas um desenho.
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