17 setembro, 2009

Do beijo do Mar

Não consigo pular.
Não consigo pular no Mar.
Alguns me chamam e digo que não quero.
Mentira.
Tenho medo.

Lembro que consegui duas vezes já.
Faz muito tempo.
Depois disso fiquei sentado,
Olhando.
Sentado no píer do contentamento.

Acho que o Mar está brincando comigo.
Sim, ele está brincando.
Ele chega perto, beija meus pés.
Como se me chamasse.

É, o Mar está flertando comigo.
Não é que eu já não tenha pulado recentemente.
O álcool faz isso comigo.
Muda-me.
Ele me fez pular,
Mas o Mar se recolheu.
Deixou apenas areia molhada.
Apenas o gosto da ilusão.

Canso-me apenas de olhar,
Já que tantos mares já perdi.
E sereias deixei de abraçar.
De acarinhar.

Definitivamente o Mar está de pilhéria comigo,
Não de uma maneira ruim.
Está me ensinando.
Fazendo-me com que pule na hora certa.

Quando os corais que machucam não estarão,
Quando haverão as sereias certas.
Quando o sal já não machucará meus olhos.

Aí mais uma desculpa do meu medo!
Hei de pular de novo um dia.
Sóbrio.
Ou até escorregarei e cairei.
Desde que no Mar eu fique.
E não deixe nunca mais.

 Gabriel Vitor Tortejada

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