25 outubro, 2008

O êxtase dos anjos

Escrevo em nome daquela,
Que de acordo com um de meus mestres,
É uma mulher sem razão.

Aquela que sente o que sinto,
Que quer o que quero.
Aquela que de cega nada tem,
Mas ainda não vê.

Que anseia o fogo que sentes,
Mas não sabe o que vê.
Quer falta de ar, dor,
Daquelas que só o rubro dá.

A que me traz certezas e dúvidas,
Diz-me de razão e paixão.
Uma de minhas musas,
Aquela que me acalma.

Mata e descobre minh’alma,
Destrói meus conceitos,
Desbanca minhas palavras,
Queima-me de calor.

A insegurança bate outra vez,
Será essa a sensação que ela sente?
Será isso que vai me tirar do lugar?
Será que isso me tirará do conforto de minha razão?

O vazio me mostra o que sinto e vejo,
O vazio me mostra o que sou e o que és,
O vazio me mostra o que devo fazer, e
O vazio me mostra que simplesmente não farei.

Quem confia no vazio?

Gabriel Vitor Tortejada

23 outubro, 2008

Aniversário

Seguindo a estrutura da blogueira Alice[vide em blogs favoritos], vou escrever-lhes um pouco sobre hoje.

Eis o dia que eu odeio, aquele em que todas as pessoas hipócritas que falam comigo 3 vezes ao ano resolvem lembrar da minha pessoa. Parabéns para cá, parabéns para lá. Por que não vão todos para o inferno com essa tradiçãozinha católica? Faltei na escola, não fiz nada em casa e ainda briguei com a minha mãe... Realmente é um dia normal com seu toques de chatice. O que queria já consegui, o esperado presente dos pais. Agora, me deixem em paz inferno!

22 outubro, 2008

Ode à Perdição

Busco incansavelmente aquela poesia,
Procuro versos que sei que não farão sentido,
Sigo conselhos do mestre que tanto li,
E aprendi a não gostar.

Escrevo estrofes em branco,
Que nada me dirão.
Procuro a alma
Que a tanto sei não ter mais.

Rejeito o Deus dos Arcades,
Corro em busca do herói de Nietzsche,
Fujo do passado de Camões
E escrevo o futuro com minhas mãos.

Percorro tanto meu caminho
Através de memórias e sons,
Desejo a esperança,
Que um dia fez uma flor brotar no asfalto.

Não quero interpretações
De homens hipócritas e ignorantes.
Detesto a literatura dos que se apossam de poemas.
Esse é meu poema e de todos,
Individualmente.

Existencialista, realista?
Chega de rótulos e nomes,
Sem números e critérios.
Sem leis e análises.
Quero permanecer incompreensível.

Choro por uma utopia.
Àquela na qual não torço mais o coração
Com crianças em prantos de fome,
Animais perdidos e maltratados
E assassinatos de loucos que vêem o mesmo que eu.

Casos sociais e econômicos não me interessam,
Pessoas me intrigam.
Me escondo no mundo dos clowns e da comédia
Procurando entender outros,
E me ocultando a todo o custo.

Gabriel Vitor Tortejada

15 outubro, 2008

Dramaturgia Manuscrita

O que uma carta pode ser?
Demonstração de afeto,
Descrição de sentimentos,
Até lugares.

O que ela pode dizer?
Coisas bonitas,
Te mostrar o mundo
Apenas em um piscar.

Uma folha branca, azul,
Pedaço de papel, guardanapo.
O que é uma carta senão uma alma
Sedenta por libertação e compreensão.

O que é a alma senão uma carta,
Escrita de todo o coração.
As palavras fluem,
O corpo sente.

Nessa carta o mundo está presente,
O calor de quem sente
E nela, a alma do penitente.


Gabriel Vitor Tortejada
créditos: Mariana Marin Ramos