26 agosto, 2010

Da Liberdade


Afasta-te de mim, sonhar tão são!
Não mais ao teu olhar tão frio por perto!
De mim a morte queres? És em vão!
Meu amor roubar? Não estejas tão certo.

Ah! Razão injusta que assola meu mundo!
Cansei de pensamentos calculistas,
Do pessimismo que destrói bem fundo
E o que mais machuca, minhas palavras.

Metafísica me atrai como nunca.
Minha frieza, que agora caduca,
Entrego sem piedade para as fúrias!

Sem nenhuma métrica sem sentido,
Esquecerei do coração partido
E irei para as noites enluaradas!


Gabriel Vitor Tortejada & Athina Liane Moraes

09 agosto, 2010

Indagações da Madrugada

           Uma dor intensa abate meu coração intensamente essa noite. Uma dor avassaladora e incontrolável que só vem por um motivo: Sensação de impotência. Diante de coisas costumeiras que pessoas se habituaram a ignorar repartem meu ego em milhões de pedaços fazendo-me sentir a pior pessoa que existe nesse mundo repleto de hipocrisia. Sentir-se o pior dos hipócritas não é algo agradável.
            Quais são as impotências as quais me refiro? A falta de 1 soldo para pagar um lanche para a menina que desesperadamente tenta saciar a fome. A falta de ação, idéias para ajudar um cachorro que dorme sozinho em um ponto de ônibus. Tremendo de frio. A sensação de que eu poderia ter feito, ou poderia até fazer algo mais para ajudar um amigo que passa por dificuldades extremas no momento.
            Às vezes eu esqueço que nem todas essas coisas são de minha responsabilidade ou aconteceram por minha causa, mas não é possível para minha pessoa simplesmente ignorar o sofrimento alheio. Seja alguém que eu conheça, que eu não conheça ou simplesmente um ser dócil que não se comunica com a humanidade. Mas há outras coisas que me afligem que sinceramente são de minha responsabilidade.
            A impotência de demonstrar apropriadamente o quanto amo a pessoa que a sociedade chama de minha namorada, que para mim, é muito mais do que simplesmente um rótulo. A fraqueza ao recorrer a um vício mundano recorrendo à desculpa de ter prazer com esse hábito e não podendo largá-lo. E a simples vontade não retribuída de modificar a minha existência e hábito de procrastinação.Mudar às vezes não é fácil, mas querer sem poder é uma dor significante.
            Há coisas que faço de pura hipocrisia também, de uma maneira que se eu não o fizesse, me sentiria mal, tímido. Como aconselhar uma amiga sobre filosofia, teologia, literatura e coisas do gênero tendo certeza que ela mesmo tem maior bagagem e conhecimento do que eu mesmo. Mas, se ela pede o meu conselho, o que devo fazer? Negar?
            A sociedade me impôs máscaras que só me machucam a cada momento de minha vida. A existência me trouxe um comportamental que só me incomoda a cada vez que expiro o ar de meus pulmões. A frustração me proporcionou uma maneira de esconder meus sentimentos para evitar que me machucasse novamente. Assim, ferindo os outros e levantando ira sobre mim mesmo. Cada molécula do meu ser me incomoda, cada pedaço de consciência deseja a inexistência, mas a covardia me impede de seguir meu plano inconsciente.

Gabriel Vitor Tortejada

04 agosto, 2010

Conselhos falidos


            Que motivo você teve para viver hoje? Sério, se você não pôde pensar em nada além de trabalhar e comer, eu tenho pena de você. Agora você me pergunta, que motivos eu tive para viver hoje? Eu diria vários. Mas eu não consigo pensar em nenhum agora, então vamos seguir em frente.
            Você olhou para o céu hoje? Mas não para saber de onde veio aquele barulho, ou para xingar a pomba que acabou de defecar na sua camisa favorita, mas olhar simplesmente por olhar. Para contemplar a infinidade e beleza do há por cima de nós, nada mais. Curioso, acabei de lembrar um dos motivos que eu tive para viver hoje: “Contemple o ignorável.”
            Você deu risada hoje? Claro que sim! Se não, cuidado. Mas, quem você fez rir hoje? De quem você tirou aquele tímido sorriso de obrigado ou aquela gargalhada de contentamento? É, você está sendo egoísta. Há sempre alguém necessitando de sua ajuda e você está aí preocupado com o relatório que deve entregar amanhã, ou o estudo que vai ficar atrasado por mais um dia. Olha aí mais uma coisa que eu fiz hoje, contei uma piada para que precisava ouvi-la. Vamos resumir isso: “Empalhace-se.” Confuso? Pense um pouquinho que entenderá.
            Por quantos mundos você viajou hoje? Nenhum? Cara, você realmente tem problemas. Eu simplesmente perdi a conta. Gibis, televisão, livros, passado, futuro, alternativas... Eu viajei por todos esses só pela minha cabeça, só vendo a minha participação em cada um deles. Usei a imaginação, criei diálogos, materializei personagens. Claro, em minha mente, esquizofrenia não é um mal do qual eu sofro. Vou resumir mais uma vez: “Consuma-se em sua própria imaginação.” Afinal, não são apenas crianças que fazem isso, são os felizes.
            Se elogiou hoje? Nem eu, auto-ajuda não é comigo. Auto-aproveitamento é algo do meu feitio. Aproveitar meu dia e dar valor à minha existência são coisas que eu gosto de fazer. Mas, continuando: Dirigiu acima do limite de velocidade? Sem cinto? Você é um idiota. Isso não é dar valor à vida, e sim arriscar perdê-la por qualquer motivo estúpido. Se seu avô estiver tendo um ataque cardíaco no banco de trás eu o perdôo. Imagina que legal esse pronome em ênclise? Perdôo-o, meu filho. Interessante. Se você quer adrenalina vá a um parque de diversões, se você quer perigo, coma com uma faca com ponta! Não há sentido em se arriscar a perder a existência. Chegamos a mais uma conclusão: “Não se arrisque, idiota!” Afinal, a morte está à espreita o tempo inteiro, para que dá-la uma chance de trabalhar?
            Cansou-se de minha filosofia barata e conselhos ridiculamente positivos? Eu me admiro de você ainda estar lendo esse texto, caro leitor. Estou escrevendo apenas para dividir o que eu faço e passar o tempo. Não faço questão de saber que você não gostou do texto, assim como você não deveria ligar para minha opinião. Esses são meus 5 mandamentos. Não são 10 porque não sou ambicioso, mas são os 5 que permitem que eu aproveite cada dia. Eu sigo apenas esses para ter uma vida confortável, eu sigo esses cinco para o meu bem-estar e o de outros, pois eu acredito que não terei outra chance além da que estou tendo agora. Eis o meu último mandamento: “Não perca tempo com idiotas.” Tire suas conclusões.


1-      “Contemple o ignorável.”
2-      “Empalhace-se.”
3-      “Consuma-se em sua própria imaginação.”
4-      “Não se arrisque, idiota!”
5-      “Não perca tempo com idiotas.” Como esse aí em cima.


Gabriel Vitor Tortejada


Erros grotescos de português corrigidos, eu acho(que todos).