09 agosto, 2010

Indagações da Madrugada

           Uma dor intensa abate meu coração intensamente essa noite. Uma dor avassaladora e incontrolável que só vem por um motivo: Sensação de impotência. Diante de coisas costumeiras que pessoas se habituaram a ignorar repartem meu ego em milhões de pedaços fazendo-me sentir a pior pessoa que existe nesse mundo repleto de hipocrisia. Sentir-se o pior dos hipócritas não é algo agradável.
            Quais são as impotências as quais me refiro? A falta de 1 soldo para pagar um lanche para a menina que desesperadamente tenta saciar a fome. A falta de ação, idéias para ajudar um cachorro que dorme sozinho em um ponto de ônibus. Tremendo de frio. A sensação de que eu poderia ter feito, ou poderia até fazer algo mais para ajudar um amigo que passa por dificuldades extremas no momento.
            Às vezes eu esqueço que nem todas essas coisas são de minha responsabilidade ou aconteceram por minha causa, mas não é possível para minha pessoa simplesmente ignorar o sofrimento alheio. Seja alguém que eu conheça, que eu não conheça ou simplesmente um ser dócil que não se comunica com a humanidade. Mas há outras coisas que me afligem que sinceramente são de minha responsabilidade.
            A impotência de demonstrar apropriadamente o quanto amo a pessoa que a sociedade chama de minha namorada, que para mim, é muito mais do que simplesmente um rótulo. A fraqueza ao recorrer a um vício mundano recorrendo à desculpa de ter prazer com esse hábito e não podendo largá-lo. E a simples vontade não retribuída de modificar a minha existência e hábito de procrastinação.Mudar às vezes não é fácil, mas querer sem poder é uma dor significante.
            Há coisas que faço de pura hipocrisia também, de uma maneira que se eu não o fizesse, me sentiria mal, tímido. Como aconselhar uma amiga sobre filosofia, teologia, literatura e coisas do gênero tendo certeza que ela mesmo tem maior bagagem e conhecimento do que eu mesmo. Mas, se ela pede o meu conselho, o que devo fazer? Negar?
            A sociedade me impôs máscaras que só me machucam a cada momento de minha vida. A existência me trouxe um comportamental que só me incomoda a cada vez que expiro o ar de meus pulmões. A frustração me proporcionou uma maneira de esconder meus sentimentos para evitar que me machucasse novamente. Assim, ferindo os outros e levantando ira sobre mim mesmo. Cada molécula do meu ser me incomoda, cada pedaço de consciência deseja a inexistência, mas a covardia me impede de seguir meu plano inconsciente.

Gabriel Vitor Tortejada

2 comentários:

Athina Path disse...

tenho um ótimo amigo =)

wine disse...

Compreendo seu sentimento,em parte até compartilho dele,temos sim responsabilidades com os demais.Isso é o que me move para transformar a sociedade...