21 dezembro, 2008

Jingle Bombs

Crianças correndo, brincando,
Sinto o vento em meu rosto,
A satisfação me guia,
O medo me corrói.

Ouço assovios cada vez mais fortes.
“Estão chegando mais perto.”
Digo a mim mesmo,
Até que sinto o maior assovio.

Aquele que é seguido por um clarão,
Por um enorme barulho,
Pelo desconfortante silêncio.

Não sinto nada,
Ouço um zumbido constante,
Não vejo nada,
Além de branco.

Aos poucos começo a ver,
Mas algo acompanha a visão,
Algo sutil,
Vem crescendo sutilmente,
Até me tomar por completo.

A dor é inebriante,
Me deixa tonto.
Sinto-me quente por debaixo.
“O que será?”
Eis que logo descubro,
Um rio rubro que flui por meu corpo.

Tento levantar-me,
Faltam-me pernas,
Tento me virar,
Falta-me um braço.

Olho para a destruição esperando meu fim,
Uma planície preta,
Estilhaços por lá e cá,
Pedaços por aqui e ali.

Um sorriso de ironia esboço aqui,
Uma lágrima de tristeza escorre ali,
A lembrança do que tinha permanece intacta,
O caminho ao infinito se aproxima sagaz,
O escuro me toma satisfeito,
Pela vida que não vivi.


Gabriel Vitor Tortejada

05 dezembro, 2008

É hora de amadurecer

Hoje, sexta-feira, acordei de luto. E esse sentimento se resume em apenas uma coisa, abrir mão de tudo o que eu estava habituado. Aqueles longos 11 anos de escola acabaram, as paredes estão se abrindo e não tenho mais onde me apoiar, há um mundo novo lá fora inteiro para mim.

Primeiramente achei que não iria ficar triste, mas o medo me inverteu isso de maneira extraordinária e me aproximou de algo que eu nunca havia sentido antes. O amor. Não qualquer amor, o amor incondicional. Antigamente olhava para as pessoas com desgosto, não gostava de pessoas. Mas é impressionante como podemos nos apegar com alguém que nem ao menos conversávamos.

O medo me lembrou que já tenho 17 anos e desperdicei grande parte de minha vida em besteiras, agora olho para todos na rua com certa afeição. Que invenção fantástica do acaso que somos, não é mesmo? Sempre fui, como dizemos, o pentelho. As pessoas tinham que aprender a gostar de mim. Vejo agora que tenho a necessidade de me tornar um novo eu, finalmente algo perto do que podemos chamar de um homem.

Essa sensação de confusão, medo, insegurança e amor inebriante me segue até agora, não consigo exatamente descrever como me sinto. Só sei algo: É confuso. Digo que não afetará a minha boa e velha maneira pessimista de ver o mundo, sei quais são os instintos do ser humano, mas existem alguns que se tornam maravilhosos e outros o nosso vício. Amigos são pessoas que levam consigo nossos costumes, nossos hábitos e sentimentos. E nós, os deles.

Muitos daqueles jovens com quem estudei os piores três anos da minha vida, no colégio, e os melhores três, como pessoa, sei que não verei mais, e por isso meu luto. Mas posso dizer que vou levá-los comigo pelo resto da minha vida, assim como me levarão também. Em grande parte, esses me tornaram uma pessoa melhor e, sem eles, pretendo melhorar da mesma maneira, me apegando ao que me ensinaram.