23 fevereiro, 2009

Inconstância no Refúgio

Naquela solidão quente e úmida,
Sentimentos completos de serenidade
Acumulavam-se no ar.

O sol batia quente,
Sensações inconstantes emergiam
Desse repleto e quieto limbo.

Seu coração batia em tom de poesia,
Mas, em severo mundo, não havia meios de escrevê-la.
Achaste, entretando.

Não sentia-se o mesmo,
Não procurava mais a escuridão,
Da dor, sentia-se liberto.

Deveria ser euforia do momento,
Conforto seria sua salvaguarda?
Até que na próxima,
Voltaria às suas musas e sua perdição.

Gabriel Vitor Tortejada

06 fevereiro, 2009

Na sarjeta

Vivemos nas esquinas imundas,
De um poço de ganância,
Vivemos à beira,
De algo que despreza.

Não reclamamos de nossa vida,
Muitos de nós nunca conheceram outra,
Outros escolheram essa.

Vivemos de dor e paixão,
Fome e desgraça,
Encontramos força para resistir,
Ao que parece impossível.

Não pedimos sua pena,
Seu dinheiro.
Pedimos sua compreensão.

Estamos aqui,
Porque alguém tem de estar.
Por mais que tentamos,
Não merecemos os objetivos que enfrentamos.

Às vezes é mais fácil se render,
Ao curso de nossa natureza,
Que para a raça humana,
Injustiça é a principal característica.

É mais fácil aceitar que somos o vírus,
Aquele que mata,
Sobrevive,
E sempre encontra uma maneira de se torturar.

Somos felizes do jeito que somos,
Não somos cegos,
Não vemos cores.

Se há algo de bom para se ver,
É que cada um de nós
Um dia irá morrer.

Gabriel Vitor Tortejada