27 outubro, 2009

Retalhos

Deixo-me levar pela música,
A música de mestres incertos,
De tempos em crise que nunca terei,
De fatos insólitos que se desemaranham em poesia,
Música.

Invejo a dor deles,
Não é minha dor fútil,
Nem simples egoísmo da poesia de meu coração.

De que fatos devo eu cantar por devaneio?
Será que das bobagens de um desdedado?
Dos roubos constantes dos deseticizados?

Quem dera fosse Chico para escrever da que me deixou,
Ou talvez do silêncio que se passou,
Por algum motivo da roda viva que assim rodou.

Sinto a poesia se afundando no meu passar.
Aquela época em que não mais necessitam de nós,
Em que não mais nos lêem.

O anjo negro bate a minha janela,
Sussurra para que eu só ouça:
- Seja algo antes que eu o toque.
E assim vivo esperando o meu momento
Sabendo que nem sempre minha arte estará lá.

Talvez me dê vontade de gritar,
Gritar para ninguém ouvir,
Para passar em mim,
Simplesmente gritar Aleluia!

Talvez eu não possa queixar-me só,
E deixar o mundo apenas me dominar.
Um dia sim eu vou falar com a mão no peito,
Sentir junto com aquela minha amada,
Pensar e só gritar: Aleluia!

Gabriel Vitor Tortejada

23 outubro, 2009

Aniversário[2]

E o bilhete vai aos poucos indo para a frente da sala de aula até que chega nas mãos do professor a dúvida. Como de costume ele abre o abre com paciência e lê em voz alta:

- Professor, se nós viemos do macaco, por que não há macacos ainda hoje em dia se tornando humanos?

O professor fica estarrecido duvidando que aquilo fosse uma pergunta séria, a maioria da sala faz um suspiro de descrença no que havia acontecido, e olho para o teto e falo comigo mesmo: "Malditos crentes criacionistas". E o dia de aniversário se resume a uma pergunta idiota...

03 outubro, 2009

Do amor

O amor é fácil de se entender, fácil de se dizer, fácil de se reconhecer. Pelo menos para você, porque para mim não é nada fácil. Há quem diga que Camões está certo, outros, que Guimarães. Quem sou eu para contestar? Apenas discordo, já que apenas poderei dizer algo no momento em que eu senti-lo. Será mesmo que é um ponto válido para uma discussão, por ser uma coisa tão subjetiva? Costumamos discutir coisas subjetivas? Ah! Todo o dia!

Primeiramente me recuso a dizer-lhe o que é o amor, já que por muitas vezes tentei, mas nunca pude senti-lo. O que posso dizer-lhe é o que não é o amor, e como não dizê-lo, pois dizer “eu te amo” não torna isso verdade. Mas de novo, quem sou eu para aconselhá-lo em alguma coisa. Sou um simples mortal que nunca amou, ou pelo menos nunca percebeu se já.

Agradar alguém todos os dias não é amar, é hipocrisia, pois do momento em que você só agrada uma pessoa, deixa de agradar a si mesmo. O ideal é fazer quando lhe faz bem também, pois apesar da vontade, sofrer não é amar. Dizer mentiras não é amar, ou talvez seja, mas com certeza não é a maneira mais correta de demonstrar isso. Amor nem sempre é o que se sente por quem te ama. Tenha certeza, existem frustrações demais no mundo para você imaginar algo que não sente e ser infeliz.

Namorar não é amar, noivar não é amar, casar não é amar e sexo com certeza não é amar. Sexo é sexo, aproveite-o. Não seja forçado a ter algo que você não tem ou não quer. Lembre-se sempre que o que fazemos na sociedade nunca vai interferir no que nós sentimos, e não devemos querer que isso aconteça, pois não vai acontecer. Não viva uma ilusão.

Não diga “eu te amo” todos os dias, todas as manhãs. Três palavras ao vento na rotina diária não o farão sentir nada além de dever cumprido. Também não diga em momentos difíceis, não seja obrigado a dizer isso nunca. Use esse artifício quanto lhe vale, após um abraço apertado, após um beijo melado, quando não dá para segurar mais no peito. Asseguro-lhe, não terá sensação mais valiosa do que isso. Afinal, “eu te amo” não é bom dia.

    Apenas retribua um “eu te amo” se realmente sentir isso, se valer a pena, mas digo: Diga tudo, não menos nem mais. Três palavras bastam, e que sejam as mesmas ouvidas, pois melhor do que dizer à explosão do peito é receber de volta pela explosão de um sentimento.

Amores vão e vêm. Não digo que são eternos, mas também não digo que não são. Tudo tem seu tempo, seu prazo de validade. O que digo é que não existe à primeira vista. Um amor se reconhece após muito se conhecer. O sentimento vem com o tempo, e sim, o tesão deve ajudar muito.

Demonstre amor em cada gesto ou olhar seu, apenas se você sentir, é claro. Prove o amor, viva o amor, demonstre o amor. Já que muitas vezes, dizer “eu te amo” é muito difícil para quem realmente sente. Viva o amor a cada momento. Morra de amor a cada sentimento, viva de amor a cada pensamento. Mas só peço uma coisa. Quando descobrir o que é amor, diga-me.


Gabriel Vitor Tortejada